Ainda Temos o Amanhã

Em "Ainda Temos o Amanhã", acompanhamos a história de Delia (Paola Cortellesi), uma dona de casa na sociedade italiana do pós-guerra.
Vivendo em Roma na década de 1940, ela passa os dias cuidando de seus três filhos, do sogro enfermo e do marido violento. Além disso, ela realiza uma série de trabalhos extras dentro e fora de casa para complementar a renda de sua família, que enfrenta muitas dificuldades financeiras.
Descrevendo-a assim, Delia parece uma "Amélia", do clássico samba "Ai, Que Saudades da Amélia" (1942), figura que se tornou icônica no imaginário popular brasileiro a ponto de ter virado um verbete no dicionário, significando "mulher que aceita toda sorte de privações e/ou vexames sem reclamar, por amor a seu homem".
Contudo, tudo muda quando Delia recebe uma misteriosa carta que a permite sonhar com um futuro melhor.

"Ainda Temos o Amanhã" é fotografado em preto e branco, o que nos faz lembrar do cinema do neorrealismo italiano, não apenas do período em que se passa a trama, mas também pelas reflexões sobre política e classe social.
Além disso, há um aspecto específico do filme que parece estabelecer um diálogo com o clássico "Ladrões de Bicicleta" (1948) ao explorar a relação de Delia com sua filha mais velha.
Entretanto, é importante deixar claro que "Ainda Temos o Amanhã" é uma comédia dramática moderna. Trata-se de uma história fictícia escrita nos dias atuais que usa o contexto daquela época para abordar temas que estão em pauta no mundo de hoje.
E, por fim, como comédia dramática, "Ainda Temos o Amanhã" é muito divertido, os atores protagonistas estão excelentes, há momentos impagáveis e até nas partes deliberadamente mais pastelão ou caricatas, a trama se encaixa muito bem.